Cientistas portugueses na capa da Nature
Um grupo de oito investigadores portugueses foi convidado a estar entre os melhores do mundo numa experiência que visava medir com precisão o raio do protão. O resultado final foi inesperado e promete abalar algumas certezas da física nuclear: afinal, o protão é mais pequeno do que se julgava.
"Quando descobrirmos como é constituído o núcleo dos átomos, teremos encontrado o maior segredo de todos, com excepção da vida. Teremos a base de tudo, da terra que pisamos, do ar que respiramos, da luz do Sol, do nosso corpo físico, de tudo no Mundo, por mais grandioso ou pequeno que seja.” Esta profecia foi atribuída ao neo-zelandês Ernest Rutherford, o pai da física nuclear. Não deixa de ser curioso que, quase cem anos depois de ela ter sido proferida, ainda resta muito por saber sobre uma das pedras basilares de toda a matéria – o núcleo do átomo.
A prová-lo está a recente revelação de que o protão, um dos elementos constituintes do núcleo atómico, a par do neutrão, pode ser mais pequeno do que está oficializado. A notícia foi capa daNature em Julho e teve o condão de fazer os teóricos da física nuclear saltar das suas cadeiras, pois isso significa que algumas das teorias, tidas como das mais precisas que actualmente existem, podem estar incompletas ou erradas em alguns pormenores.
A conclusão é fruto de um conjunto de experiências coordenadas e realizadas no Paul Scherrer Institute (PSI), em Villigen, na Suíça, e protagonizadas por uma equipa internacional de 32 investigadores. Entre eles contam-se oito portugueses (seis da Universidade de Coimbra e dois da Universidade de Aveiro), responsáveis pelo sistema de detecção de raios X que integra o equipamento experimental.
“Foi uma grande surpresa”, confessa Joaquim Santos, coordenador do Centro de Instrumentação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, a instituição que lidera as investigações a cargo dos portugueses. “O objectivo desta experiência era apenas o de melhorar, em dez vezes mais, a precisão com que era conhecido o raio do protão.”
De facto, o valor oficial para o raio do protão cifra-se, neste momento, nos 0,8768 fentómetros, sendo que cada fentómetro equivale a uns exíguos 0,000.000.000.000.001 metros. A ambição da equipa do PSI passava por acrescentar mais uma casa decimal ao valor em fentómetros.
Mas, como por vezes acontece, as grandes descobertas surgem quando menos se espera. Foi este o caso. Além de precisarem o valor com mais uma casa decimal, os investigadores ainda deram de caras com um novo tamanho: 0,84184 fentómetros para a distância do raio. Abusando de mais um valor incrivelmente diminuto, a revelação aponta para que o protão seja 0,000.000.000.000.03 milímetros (!) mais pequeno do que se julgava. Eis como o protão foi encolhido em cerca de quatro por cento.
Antes de dissecar as possíveis consequências desta descoberta inesperada, existe uma questão que salta logo à frente. Como é possível obter números tão liliputianos e com uma precisão tão extraordinária?
O resto do artigo e mais sobre o protão no site da Super Interessante:
-Afinal, nós, os portugueses, somos realmente tão maus como nos pintam? Ou até somos inteligentes?
-Será que um dia vamos saber tudo sobre nós, o mundo e o universo?
-Até que ponto é que as equações que damos na escola podem daqui a uns anos serem um completo erro?
Desejo uma boa meditação, Vasco Quaresma.
Quando olhamos para a grandeza do tamanho do protão pensamos que mais fentómetro menos fentómetro não deve fazer grande diferença; no entanto, estamos a falar de um erro de 4%! Isso é uma aproximação muito grosseira em física teórica! Imagino a quantidade de cálculos teóricos a refazer com este novo ajuste...
ResponderEliminarAquilo que mais gostei foi o autor ser português! Tenho muita pena que haja tantos bons cérebros em Portugal que acabam por ir para o estrangeiro estudar e dedicarem-se à investigação porque Portugal lhes fecha a porta. Não há dinheiro para lançar o país no rumo certo!
Para terminar, é bem verdade que aquilo que se aprende hoje pode estar errado (ou pelo menos incompleto) amanhã. A velocidade com que se descobrem novos feitos faz com que precisemos de estar sempre atualizados, na linha da frente e em busca de novidades (sim porque a divulgação não é famosa!). Por este motivo, estas iniciativas, como este blogue, dão sempre jeito e permitem reciclar-nos...
Começando com uma breve reflexão sobre a primeira pergunta do Vasco.
ResponderEliminarO povo português já provou estar à altura de qualquer desafio. Exemplo claro disso são os descobrimentos, o tempo de ouro para Portugal, que nos permitiram a construção de um grande império ultra-marino. Neste século XX tivemos portugueses a descatarem-se em várias áreas vencedores do prémio Nobel exemplo disso na medicina, Egas Moniz, e na literatura, Saramago, já para não falar que muitos portugueses ajudaram vencedores deste prémio nas suas pesquisas. Contra factos não há argumentos e nós já provámos o nosso valor. Se nos dedicarmos a algo de peito e alma conseguiremos atingir esse objectivo.
Em relação à notícia:
Estes portugues são um motivo de orgulho e tenho pena que não se tenh ouvido falar neles nas notícias. Se não fosse o Vasco provavelmente nunca saberia nada sobre o trabalho deles.
Assim sendo analisando o resto da publicação descobri que o papel da equipa portuguesa consistiu em desenvolver o sistema de detecção da radiação que é emitida.
Os oito cientistas portugueses foram convidados pelo PSI em 1998, quando o projecto ainda estava a ser delineado. Nessa altura, todos eles estavam na Universidade de Coimbra, e só mais tarde, com a investigação já a decorrer, dois deles se transferiram para a Universidade de Aveiro. “O PSI contactou-nos por causa dos desenvolvimentos que tínhamos feito com detectores de radiação X”, avanços esse que envolviam “detectores baseados em gás”, conta João Veloso. Um dos atributos especiais deste tipo de equipamento era a sua grande área de detecção. “Entretanto, apareceu outro tipo de detectores, dotados de semicondutores (os fotodíodos de avalanche), que se mostraram mais adequados à experiência.”
Apesar de serem mais pequenos, devido à nova tecnologia implantada, a vantagem é que podiam aproximar-se mais da garrafa de hidrogénio. Após neutralizarem o perigo de interferência que podia ser provocado por algumas partículas de alta energia, nomeadamente das que derivam da radiação gerada pelos próprios processos físicos desenvolvidos na experiência, o equipamento estava pronto a funcionar.
André Bernardes:
ResponderEliminarSinceramente nem quero imaginar como será a complexidade dos computadores que calculam o raio de certas partículas que à partida são praticamente invisíveis, como é o caso dos protões. Apesar desta medição ser quase a mesma das anteriores, é suficiente para os cientistas alterarem teorias, equações ou mesmo até nas especulações acerca do Big Bang, quem sabe?
Andei a pesquisar sobre esta descoberta fabulosa e pelos vistos o resultado (da diferença de 4% de tamanho do raio do protão) foi obtido há um ano – a 5 de Julho de 2009 – mas demorou este tempo todo a confirmar. O sucesso da experiência, na mira dos especialistas desde os anos 1970, deveu-se a vários factores. Passou pela capacidade de produzir uma forma “exótica” de hidrogénio – um hidrogénio onde o electrão é substituído por um muão (uma partícula muito instável de igual carga mas 200 vezes mais pesada que o electrão, que torna as medições mais precisas). Hoje, tornou-se possível produzir hidrogénio muónico com um tempo de vida de quase um microssegundo, um período de tempo suficiente para o bombardear com impulsos laser de alta potência. O sucesso passou aliás também pelo desenvolvimento de lasers ultra-rápidos e pela melhoria dos detectores de raios-X emitidos pelos muões – da responsabilidade da equipa portuguesa. A experiência foi realizada no Instituto Paul Scherrer, “que tem o feixe de muões mais potente do mundo”, diz ainda Joaquim Santos. E os sistemas de lasers foram desenvolvidos pelas equipas francesa e alemã.
Respondendo às perguntas do Vasco e fazendo ligação com o que disse no início, é a partir destes pequenas descobertas que incentivam as pessoas a descobrir mais e mais, que mesmo parecendo ser insignificantes, revelam que existe muito mais por desvendar! Mas no só na Química claro, como em todos os ramos da ciência. O ser humano nunca irá ser capaz de compreender tudo o que se encontra à sua volta, mas um dia acredito que fique muito perto disso...
O protão é um dos constituintes básicos da matéria. É uma partícula que faz parte do núcleo de todos os átomos. Convencionou-se que o protão tem carga positiva, igual à do electrão mas de sinal contrário.
ResponderEliminarSinceramente, não sei ao certo se o tamanho do protão é menor 4% ou 5%, uma vez que encontrei informação sobre ambos os valores…
Nesta investigação, o sistema de laser foi desenvolvido por franceses e alemães, os portugueses foram responsáveis pelos detectores de Raios X e o sistema de controlo foi da responsabilidade da equipa Suíça.
Nas experiências executas, foi utilizado um "átomo exótico", ou seja, um átomo de hidrogénio - por ser o mais simples - em que o electrão é substituído por uma partícula semelhante, neste caso o muão (200 vezes mais pesado).
Esta descoberta abre uma lacuna na física fundamental, uma vez que os novos dados não coincidem com a consensual teoria electrodinâmica quântica, que fornece as previsões das propriedades atómicas.
Antes de mais temos de agradecer ao Vasco a noticia que nos trouxe, afinal estamos a falar de conterrâneos da maioria, isto é, para além de portugueses são coimbrinhas! XD eu não posso dizer como o Pedro que nunca tinha ouvido isto, porque um amigo meu que está em física já me tinha dito e até me contou que tem um professor de física que diz que vai ganhar o prémio Nobel da medicina porque inventou um equipamento que permite destruir as células cancerígenas sem destruir as outras e, mais importante, o tumor desaparece logo e o doente tem alta e fica curado poucos dias depois. Perdoem-me mas achei o momento ideal para divulgar mesmo sem ter confirmado todos os dados! Vasco desculpa-me mas não gostei nada da tua primeira pergunta. “Afinal”???? Claro que somos um povo inteligente!!! Mas alguém tem dúvidas disso??? Não podemos dizer que, por termos uma sequencias de maus governadores desde o período da monarquia, salvo raras excepções, não somos um povo inteligente! Pelo contrário, tudo começa por não acreditarmos em nós próprios e termos esse estigma da inferiorização. Façam um esforço de memoria e vejam se algum dos nossos heróis se deu por derrotado! Muito pelo contrario, acreditou em si. Tudo acaba quando nós próprios pomos barreiras à nossa própria frente! Porque será que no estrangeiro os portugueses são vistos como bons trabalhadores e “pau para toda a colher”??? Por favor, não deixem que o sítio onde nasceram determine o vosso fim, façam disso uma mostra do que são, porque supostamente venceram num país de dificuldades! Em relação à segunda pergunta eu penso que não! Saber tudo? Não… até porque esta noticia é uma prova de que muitas das informações que temos são erradas. Se isto acontece há uma serie de teorias que são influenciadas e os erros acumulam-se. Acredito no aperfeiçoamento do conhecimento mas na totalidade não! E a terceira pergunta vem por arrasto, isto é, se as teorias estão erradas o que aprendemos também!
ResponderEliminarEm relação à notícia acho espantoso haver união na comunidade científica e ainda mais maravilhoso é o facto dos nossos estarem entre os melhores. E como disse o coordenador da equipa portuguesa, é sem estarmos à espera que fazemos as maiores descobertas! Coincidência ou não, mais uma vez, as quinas são um dos carimbos do passaporte para o desenvolvimento da Humanidade. Por muito pequena que seja a diferença do raio influencia uma serie de aplicações, por exemplo, nem quero imaginar as consequências na física nuclear!! O passo seguinte será dado em 2012. O novo alvo é o átomo de hélio, um núcleo com dois protões e dois neutrões, a que se juntam dois electrões a orbitá-lo. Aos oito portugueses cabe estudar as melhores alternativas face às novas experiências que serão desenvolvidas. A energia dos raios X que serão libertados com o hélio muónico será quatro vezes maior do que a do hidrogénio. Os mesmos detectores serão testados na nova investigação para ver quais os que têm maior eficiência e sensibilidade na detecção da radiação.
E os nossos somam e seguem…
Obrigada, Bárbara
Para começar gostaria de responder às questões do Vasco. Eu penso que no povo português, tal como em todos os povos, existem pessoas inteligentes e pessoas menos inteligentes e por isso acho que é incorrecto pensar se o povo é ou não inteligente. Obviamente, olhando para a situação política e económica do país, podemos ver que é bastante difícil existirem investimentos por parte do governo português na descoberta e na evolução da investigação em Portugal. Muitos portugueses partem para outros países à procura de valorização porque mesmo sem o apoio do governo há sempre investimentos de empresas ou de particulares mas, no entanto, estes investigadores não são valorizados dentro do nosso país.
ResponderEliminarPenso também que nunca vamos saber tudo sobre nós e sobre o mundo porque em cada instante há diversas coisas que sofrem modificações e até é mais saudável sermos um bocadinho ignorantes relativamente a não sabermos tudo porque ambicioso como é o Homem, acho que seria bastante difícil controlar algumas acções.
Relativamente ao que damos na escola acho que completamente erradas não estarão mas acredito que possa haver modificações profundas em algumas teorias que estudamos até porque elas são isso mesmo, Teorias, e por isso não é dado por certo o que elas dizem e é devido a estas dúvidas que há, constantemente, investigadores e cientistas e procurar aproximar-se da realidade.
A notícia é, realmente, muito importante e fiquei mesmo muito feliz por descobrir que nesta equipa, que fez uma descoberta que vai provocar muitas alterações nas teorias físicas, estão presentes 8 investigadores portugueses! É muito importante para o país saber que o povo português não é um falhado e que muita gente tem sucesso (é pena é que seja fora de Portugal). Descobri um artigo do Público onde Joaquim Santos fala sobre a Teoria Electrodinâmica Quântica, ou QED, um dos pilares da física, que descreve as interacções entre a luz e a matéria e é uma das mais bem sucedidas na previsão das propriedades dos átomos. Joaquim Santos diz: “Das três uma: ou a teoria está incompleta e há qualquer coisa que ela não consegue prever; ou os cálculos estão errados; ou o valor de uma das constantes mais bem conhecidas da física está errado”. É incrível vermos como esta descoberta atinge um dos pilares da física e pões em causa muitos dos conhecimentos que tínhamos até agora, a constante de que nos fala este investigador da Universidade de Coimbra é a constante de Rydberg cujo valor está ligado, também, ao tamanho do protão.
É incorreto designar um povo de inteligente ou não: primeiro, porque não existe um conceito de inteligência acordado mundialmente. Temos ferramentas para a tentar medir, os testes de QI por exemplo, mas a verdade é que, por enquanto, o conceito de “inteligência” é vago; segundo, numa população as suas características tendem a aproximar-se duma Curva de Gauss. Existe uma norma, onde se inclui a maioria da população, e nas “franjas” do gráfico estão contabilizados os indivíduos que se distinguem da norma (para melhor ou para pior). Quero com isto dizer que existem pessoas com grandes capacidades em todo o lado, e não é por alguém ser de determinado país que deve ser tido em maior ou menor consideração. Nem é, para mim, a história desse mesmo país que o deve determinar. Fomos grandes nos Descobrimentos porque alguns indivíduos EXTRAordinários (aka. fora da norma) se dedicaram a grandes projectos e lutaram pelos seus sonhos, tendo ou não um QI superior à média do resto da população. E indivíduos desses existem em todo o lado. Portugal não é exceção, mesmo que a nossa situação económica dificulte o acesso das pessoas, inteligentes ou não, a uma educação que lhes permita obter conhecimentos suficientes para vermos descobertas destas.
ResponderEliminarNo que toca a um conhecimento universal das coisas, para já, enquanto seres vivos perecíveis e limitados, falíveis, nunca conheceremos TUDO o que há para conhecer. É bom que tenhamos essa ambição, e que lutemos por cada vez sabermos mais, mas na nossa condição humana, parece-me impossível. Só se evoluirmos para uma forma de vida superior, e isso não se prevê para breve.
Quanto aos nossos conhecimentos atuais estarem desatualizados daqui a uns tempos, é bem provável. Talvez não a um nível demasiado profundo que torne aquilo que tomamos como certo em algo completamente errado, mas com o passar do tempo vamos descobrindo coisas que complementam aquilo que já sabíamos, e alteram a nossa perceção do conhecimento que já tínhamos.
Relativamente à notícia, a Kika referiu que esta descoberta iria afectar o valor da constante de Rydberg. Fui pesquisar mais sobre isto, e descobri que ela está relacionada com as energias orbitais sucessivas que os electrões nos átomos podem ocupar. É um valor, que está associado a esses níveis de energia. A situação pode causar ainda mais alvoroço, já que a sua precisão era conhecida até doze casas decimais e não se esperava que pudesse ter um valor diferente. A alteração no tamanho dos protões terá também consequências para o Grande Acelerador de Hadrões (LHC) do CERN. Para as suas experiências, são usadas partículas subatómicas pertencentes à família dos hadrões, principalmente protões. Citando Joaquim Santos, “Se estamos a disparar coisas mais pequenas do que pensávamos, vamos obter
obter sinais com menos intensidade e a probabilidade de colisão é menor. Obviamente, a performance da máquina não está em causa, mas ela poderá render menos do que se esperava.”. Se não se tivesse descoberto este erro, as conclusões que se tirariam dos resultados desta máquina estariam potencialmente erradas, os valores numéricos obtidos em cálculos sofreriam mais que os 4% de erro do tamanho dos protões, e quaisquer novas teorias que de aí surgissem estariam erradas. São grandes estes 8 cientistas que evitaram isto tudo. Agradeço-lhes em nome da nossa pequena (em número, mas grande em espírito) turma.
Concordo com o Pedro Paulo quando afirma que “o povo português já provou estar à altura de qualquer desafio.” Tivemos um tempo onde alcançámos o auge, fomos o império que mais tempo durou na história da Humanidade, demos novos mundos ao Mundo em termos científicos, territoriais e económicos. Abrimos portas essenciais ao desenvolvimento mundial. E continuamos a abri-las, embora com maior discrição e em menor quantidade.
ResponderEliminarFoi com surpresa que descobri que cientistas portugueses observaram que o protão, partícula essencial a tudo o que mexe, o que vive e o que existe; apresentava dimensões menores que aquelas que supostamente tinha. 4% de diferença é um erro considerável, dado colocar em dúvida algumas teorias e equações, que terão de ser adaptadas de acordo com as dimensões do protão. A Teoria Electrodinâmica Quântica (QED) – que rege a interacção entre luz e matéria, será uma das mais afectadas.Umas das consequências desta experiência será a alteração da constante de Rydberg, a constante física fundamental cuja determinação experimental tem o nível de precisão mais elevado.
Para determinarem o novo raio do protão, os investigadores usaram um átomo formado por um muão com carga eléctrica negativa a orbitar em torno de um protão. Basicamente, esta é uma variante exótica do átomo de hidrogénio em que o electrão foi substituído por um muão - uma partícula fundamental semelhante ao electrão mas 200 vezes mais pesado.
Utilizandoum sistema laser especialmente desenvolvido para o efeito em conjunto com um sistema de detecção de raios X de baixa energia da responsabilidade da equipa portuguesa, os investigadores puderam deduzir o tamanho do protão com base nas pequenas alterações que a sua estrutura não-pontual provoca na dinâmica do muão.
A ideia de medir o raio do protão usando hidrogénio muónico teve a sua génese no início dos anos 70, no entanto só quase 40 anos mais tarde foi possível concretizá-la com sucesso. Isto porque foi necessário ultrapassar enormes obstáculos tecnológicos. Por exemplo, embora os muões ocorram naturalmente na natureza (a partir de reacções nucleares dos raios cósmicos na alta atmosfera) e possam ser detectados ao nível do mar, têm tempos de vida média de apenas 2 milionésimos de segundo.
Depois das tentativas falhadas de 2002, 2003 e 2007 os investigadores não desistiram e o esforço foi recompensado na noite de 5 de Julho do ano passado, quando, após 3 meses de montagem do aparato experimental e 3 semanas de medições ininterruptas (dia e noite), puderam observar de forma inequívoca a tão desejada “assinatura” no espectro atómico do hidrogénio muónico.
Para terminar gostaria de dizer que penso que não poderemos saber tudo sobre nós e sobre o Universo, pelo menos durante os próximos séculos. Ainda têm de ser executados alguns ajustes, aperfeiçoar medições e equações que são a base que suporta a nossa Ciência. Só apartir de bases fidedignas é que se podem alcançar resultados certos. A Humanidade ainda está em aprendizagem. O caminho é longo, mãos à obra!
Respondendo às várias questões colocadas:
ResponderEliminar- Afinal, nós, os portugueses, somos realmente tão maus como nos pintam? Ou até somos inteligentes?
Cada um como cada qual… e de inteligência e burrice todos temos um pouco!!...
Sou, no entanto, orgulhosamente portuguesa e a melhor resposta está num vídeo muito pertinente e divulgado, recentemente, com o objectivo de sensibilizar a Finlândia para ajuda financeira a Portugal e que faz um resumo muito bom do que fomos, somos nós, afinal, os portugueses:
http://www.youtube.com/watch?v=XXw5fMIYGqg&feature=share
Adicionalmente, acrescento um texto de Nicolau Santos publicado na revista up da TAP, com o mesmo propósito que adorei ler e quero partilhar convosco:
“Eu conheço um país
Que em 30 anos passou de uma das piores taxas de mortalidade infantil (80 por mil) para a quarta mais baixa taxa a nível mundial (3 por mil).
Que em oito anos construiu o segundo mais importante registo europeu de dadores de medula óssea, indispensável no combate às doenças leucémicas.
Que é líder mundial no transplante de fígado e está em segundo lugar no transplante de rins. Que é líder mundial na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias fixas para desdentados totais.
Eu conheço um país
Que tem uma empresa que desenvolveu um software para eliminação do papel enquanto suporte do registo clínico nos hospitais (Alert), outra
Que é uma das maiores empresas ibéricas na informatização de farmácias (Glint) e outra
Que inventou o primeiro antiepilético de raiz portuguesa (Bial).
Eu conheço um país
Que é líder mundial no sector da energia renovável e o quarto maior produtor de energia eólica do mundo,
Que também está a construir o maior plano de barragens (dez) a nível europeu (EDP).
Eu conheço um país
Que inventou e desenvolveu o primeiro sistema mundial de pagamentos pré-pagos para telemóveis (PT),
Que é líder mundial em software de identificação (NDrive),
Que tem uma empresa que corrige e detecta as falhas do sistema informático da NASA (Critical) e
Que tem a melhor incubadora de empresas do mundo (Instituto Pedro Nunes da Universidade de Coimbra)
Eu conheço um país
Que calça cem milhões de pessoas em todo o mundo e que produz o segundo calçado mais caro a nível planetário, logo a seguir ao italiano.
E que fabrica lençóis inovadores, com diferentes odores e propriedades anti-germes, onde dormem, por exemplo, 30 milhões de americanos.
Eu conheço um país
Que é o «state of art» nos moldes de plástico e líder mundial de tecnologia de transformadores de energia (Efacec) e
Que revolucionou o conceito do papel higiénico(Renova).
Eu conheço um país
Que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial e
Que desenvolveu um sistema inovador de pagar nas portagens das auto-estradas (Via Verde).
Eu conheço um país
Que revolucionou o sector da distribuição, que ganha prémios pela construção de centros comerciais noutros países (Sonae Sierra) e
Que lidera destacadíssimo o sector do «hard-discount» na Polónia (Jerónimo Martins).
Eu conheço um país
Que fabrica os fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos de Pequim,
(tive que dividir o meu comentário porque não deixava postar, dizia que tinha letras a mais)
ResponderEliminarQue vestiu dez das selecções hípicas que estiveram nesses Jogos,
Que é o maior produtor mundial de caiaques para desporto,
Que tem uma das melhores seleções de futebol do mundo, o melhor treinador do planeta (José Mourinho) e um dos melhores jogadores (Cristiano Ronaldo).
Eu conheço um país
Que tem um Prémio Nobel da Literatura (José Saramago), uma das mais notáveis intérpretes de Mozart (Maria João Pires) e vários pintores e escultores reconhecidos internacionalmente (Paula Rego, Júlio Pomar, Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro).
Que tem dois prémios Pritzker de arquitectura (Sisa Vieira e Souto Moura).
O leitor, possivelmente, não reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para visitar. Este país é Portugal. Tem tudo o que está escrito acima, mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias fabulosas, ótima gastronomia. Bem-vindo a este país que não conhece: PORTUGAL”
Quem depois destes testemunhos pode afirmar que somos maus ou pouco inteligentes?...
- Será que um dia vamos saber tudo sobre nós, o mundo e o universo?
A evolução do conhecimento não pára… e é bom que assim seja pois haverá sempre esperança para raça humana de ir encontrando soluções para os mais variados desafios que lhe são colocados. É dessa procura constante e dessa insatisfação que nós evoluímos, que sabemos mais e podemos alcançar respostas completamente impossíveis no passado e até no presente!... Mas para isso, teremos que estar, igualmente, preparados para aceitar a reversão de algumas teorias e aproveitar esses factos para avançarmos mais um pouco no conhecimento que temos de nós, do mundo e do Universo!
- Até que ponto é que as equações que damos na escola podem daqui a uns anos serem um completo erro?
Tal como respondi, à pergunta anterior, também aqui é possível que tal situação possa vir acontecer… Basta que tenhamos partido de um pressuposto errado (certo à data) e que, consequentemente, levará a uma conclusão errada. Reforço, no entanto, mesmo que assim seja, todo o esforço que colocarmos hoje no seu estudo, todo empenhamento demonstrado por cada um de nós é essencial para que, um dia, talvez alguém, de uma simples coincidência consiga chegar mais longe que cada um de nós… e aí valeu todo o caminho percorrido pois foi importante e essencial para se conseguir tal proeza… Temos exemplos, no passado, teremos, com certeza, exemplos no futuro… Não tenho dúvidas.
No que se refere à notícia, propriamente dita, o que mais me surpreendeu é estarmos a falar de grandezas tão ínfimas, tão pequenas que quase custa acreditar que existem equipamentos que possam medir com exactidão tal distâncias como foi o caso do raio do protão: 0,84184 fentómetro!...
Esta é, sem dúvida, uma grande potencialidade não só nesta área como noutras e que irá revolucionar ainda mais o mundo científico. E, termino, muito orgulhosa, pelo facto de portugueses terem estado envolvidos, mais uma vez, em tão grande feito!
Realmente é uma notícia fantástica que, se nos dá muito que pensar a nós, nem imagino aos cientistas e investigadores do nosso mundo!
ResponderEliminarHonestamente, sou da opinião de que os portugueses poderiam, em vários campos, chegar muito mais longe; com empenho e esforço; esforço esse que este fabuloso grupo de cientistas demonstrou!
Não sei se algum dia teremos certezas absolutas acerca daquilo que nos rodeia...O facto do Universo ser infinito parece transpor a ideia do conhecimento absoluto para planos cada vez mais longínquos. Apesar de acreditar que, à medida que o tempo passa, iremos descobrir cada vez mais e mais coisas, que, todas juntas, contribuirão para um conhecimento aprofundado e rigoroso do espaço.
Consequência do avanço tecnológico e das descobertas químicas, físicas e biológicas, podemos um dia deparar-nos com o nosso mundo virado do avesso. É um erro pensar que tudo o que conhecemos se manterá igual. Está tudo em constante transformação e ainda há tanto por descobrir... Já chegamos longe, mas como vemos, uma pequenina descoberta pode ser incrivelmente poderosa.
Fui pesquisar um pouco mais sobre o Instituto Paul Scherrer(PSI): É o maior e mais famoso centro de investigação de ciências naturais e engenharia, localizado na Suíça. Realizam pesquisas de interesse mundial em três grandes áreas temáticas: Estrutura da Matéria, Energia e Meio Ambiente e Saúde Humana. Através da realização de investigação fundamental e aplicada, encontram e concretizam soluções a longo prazo para grandes desafios da indústria, sociedade, ciência - e especialmente do Mundo!
De facto, estamos perante uma notícia surpreendente. Confesso que quando estava a ler a notícia pensei para mim mesmo: " Como é que uma diferença tão mínima nas medições do raio atómico de um protão pode gerar tanto alvoroço na comunidade científica?" Mas, seguindo o que a stora disse, 4 % até poderá ser bastante significativo se pensarmos nas equações elaboradas que envolvem cálculos astronómicos da física teórica. No que toca á pergunta do Vasco eu não desprezo a capacidade dos portugueses em vingarem no mundo científico, muito pelo contrário, ao longo da história já demonstrámos do que éramos capazes, chegando mesmo a ser pioneiros em várias descobertas. O que me parece ser um dos grandes problemas actuais que deriva da fuga de intelectuais para o estrangeiro é, como já foi referido, a falta de apoio a estes e o devido reconhecimento . Creio que nos encontramos numa fase do "deixa passar" onde poucos são aqueles que têm a vontade de inovar, de impulsionar algo novo. Não os censuro, uma vez que nos nossos dias tudo nos cai de mão beijada. Coisas que demoraram séculos a descobrir passam despercebidas por parte da população em geral e que, de certa forma deveriam despertar curiosidade e interesse.
ResponderEliminarAcho que é importante por isso revermos um pouco do passado da história do átomo. Por vezes é questionando o passando e vendo-o segundo outra perspectiva (como Saramago o diria em Memorial do Convento) que encontramos muitas das respostas para os problemas actuais.
Cerca de 400 a.C. – O grego Demócrito aperfeiçoa a ideia de que a matéria não é contínua mas granular, feita de fragmentos indivisíveis ou atomos.
1897 – Joseph Thomson descobre a natureza granular da electricidade, ou seja, encontra o electrão. Era a primeira vez que se descobria uma partícula elementar, facto que valeu ao inglês o Nobel da Física em 1906.
1911 – Laureado com o Nobel em 1908, três anos depois o neo-zelandês Ernest Rutherford revelou que os núcleos dos átomos concentram uma carga positiva, o protão.
1932 – O protão não está sozinho no núcleo. Quem o provava era James Chadwick, depois de detectar partículas destituídas de carga eléctrica a que deu o nome de “neutrões”. Os três principais componentes do átomo eram finalmente conhecidos. Para não destoar dos restantes colegas, em 1935 o físico inglês também recebeu o Nobel da Física.
Cabe a nós caros químicos sermos os próximos nesta lista ! Até breve LUIS CRUZ