Em 2009, quando o gás natural começava a se destacar como importante insumo na matriz energética, o Brasil chegou a queimar mais de 13 milhões de metros cúbicos diários - volume suficiente para gerar cerca de 3 mil megawatts de energia térmica e abastecer uma cidade de aproximadamente 12 milhões de habitantes.
Em junho daquele ano, o país atingiria um recorde negativo: 13,3 milhões de metros cúbicos de gás natural queimados diariamente.
"Foi o pico de queima a que chegamos, com um índice de utilização de apenas 77% - ou seja, uma queima de quase 23% do gás produzido. A partir daí, concluímos que não era mais possível manter esse patamar", afirmou o superintendente adjunto de Produção da Agência Nacional de Petróleo (ANP), André Barbosa.
"Foi uma coisa gritante e que nos levou ao Programa de Redução de Queima de Gás Natural. Entendemos que os níveis da queima de gás no Brasil estavam muito elevados, em função principalmente de novas unidades de produção que entravam em operação".
Desperdício energético
A queima de gás em Fevereiro atingiu 4,8 milhões de metros cúbicos (m³) por dia, enquanto a produção ficou em torno de 62 milhões de m³ diários.
O volume queimado é suficiente para gerar cerca de mil megawatts (MW) de energia termelétrica e propiciar o abastecimento diário de uma cidade com 4 milhões de habitantes.
O volume queimado equivale ainda a mais de 10% do consumo médio do mercado verificado nos três primeiros meses do ano que, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), foi de 44,8 milhões de m³ por dia.
Equivale também a aproximadamente 15% do volume que o país importa diariamente da Bolívia e que varia entre 24 milhões e 31 milhões de m³ diários.
"Desperdício razoável"
Para a ANP, o ideal é que a queima de gás fique em apenas 3% do total produzido.
Segundo Barbosa, chegar a 3% de queima é um percentual ainda difícil de ser alcançado.
"Esse resultado de 3% seria o ideal, só que é preciso considerar que muitas das plataformas existentes no Brasil são antigas e quando foram concebidas não previam o aproveitamento do gás, porque o petróleo na época tinha um valor comercial muito maior. Então, esse percentual de 3% ainda vai demorar um pouco mais para ser alcançado", previu.
"Nós estamos com estimativa de chegar a 5% de perda em 2012 ou 2013, o que já seria um cenário bem razoável. Se em fevereiro nós já reduzimos a queima para 4,8 milhões de metros cúbicos por dia, se chegarmos em torno de 3,5 milhões a 4 milhões de metros cúbicos diários no próximo ano já será um cenário bem razoável pela quantidade de campos existentes no país".
Para Barbosa, depois de atingir a meta de 5% é que a ANP vai avaliar se será possível "apertar mais os níveis de queima para atingir esse patamar de 3% em 2014, 2015".
Recorde negativo
Foi a partir do recorde negativo de junho de 2009 que a ANP passou a adotar a política de exigir dos concessionários que eles empreendessem os postos para que o consumo de gás se desse dentro de padrões razoáveis. De acordo com Barbosa, o termo de compromisso com a redução da queima foi firmado com as empresas devido à necessidade de ajustar os programas e adaptar as plataformas à nova realidade.
"É claro que nós sabemos que a resposta não será tão imediata quanto gostaríamos que fosse. Na verdade, o que também estamos fazendo é intensificar a fiscalização, indo ao campo para acompanhar e comprovar de perto a revisão de compressores - que também reduzem o desperdício. No caso do descumprimento dos planos estabelecidos, aplicamos sanções - uma forma de pressão para que cheguemos à meta almejada".
O superintendente lembrou que hoje grande parte do gás é utilizada na geração de energia na própria plataforma, "o que por si só já reduz a necessidade de queima. Parte do gás pode ainda ser reinjetada no próprio campo para melhorar a recuperação e a produtividade do reservatório de óleo, enquanto outra parte fica disponível para o escoamento e a comercialização da produção", explicou.
Fonte: Inovação Tecnológica
Com a crise energética que se aproxima ainda se vê desperdícios deste bem precioso que é o gás natural.Uns com falta e outros com excessos. Será que não aceitamos a realidade de que isto não pode continuar assim.
Esta notícia vem culminar um conjunto de notícias que ao longo do ano fomos colocando e comentando no blog e que se referem, principalmente, aos problemas associados à crise energética pela utilização maciça das energias não renováveis e discussão de várias tentativas de valorizar e investir nas energias renováveis de forma a ultrapassar este grave problema com que a Humanidade se depara actualmente.
ResponderEliminarO gás natural é um combustível fóssil e uma energia não-renovável. É uma mistura de hidrocarbonetos leves encontrada no subsolo, na qual o metano tem uma participação superior a 70 % em volume. A composição do gás natural pode variar bastante dependendo de fatores relativos ao campo em que o gás é produzido, processo de produção, condicionamento, processamento, e transporte.
O gás natural "é a porção do petróleo que existe na fase gasosa ou em solução no óleo, nas condições originais de reservatório, e que permanece no estado gasoso em CNTP (condições normais de temperatura e pressão)".
O gás natural é encontrado no subsolo através de jazidas de petróleo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do exterior por rochas impermeáveis, associadas ou não a depósitos petrolíferos. É o resultado da degradação da matéria orgânica de forma anaeróbica oriunda de quantidades extraordinárias de microorganismos que, em eras pré-históricas, se acumulavam nas águas litorâneas dos mares da época. Essa matéria orgânica foi soterrada a grandes profundidades e, por isto, sua degradação se deu fora do contato com o ar, a grandes temperaturas e sob fortes pressões.
O gás natural é empregue diretamente como combustível, tanto em indústrias, casas e automóveis. É considerado uma fonte de energia mais limpa que os derivados do petróleo e o carvão. Alguns dos gases de sua composição são eliminados porque não possuem capacidade energética (nitrogênio ou CO2) ou porque podem deixar resíduos nos condutores devido ao seu alto peso molecular em comparação ao metano (butano e mais pesados).
Urge tomarmos medidas para diminuir o gasto energético das energias não renováveis e implementar outras de forma a fomentar as energias renováveis. Cabe a cada um de nós sensibilizar a sociedade, os governantes para estas questões e, em forma de despedida, o blog foi importante meio para esse fim e não deixarmos esquecer importantes temas não só no mundo da química como, igualmente, na nossa sociedade. Bem hajam pela experiência e pela acção!... Divulguem sempre! É o nosso papel, a nossa missão para um mundo melhor..
André Bernardes:
ResponderEliminarDe facto parece impossível ver como o homem continua a ignorar a crise em que vive, preocupando-se apenas no seu próprio bem, sem olhar para os efeitos que a queima deste gás provoca no ambiente. Ainda por cima não é só o meio ambiente que "apanha por tabela" mas também a população, que teria que pagar menos pela maior abundância de energia disponível para a abastecer (no caso de uma diminuição dos níveis da combustão do gás natural).
Eu estava intrigado em relação à razão que faz com que o homem queime enormes quantidades do gás natural, e descobri vários benefícios para indústria: não exige gasto de energia com o pré-aquecimento para queima; elimina o custo financeiro de estocagem; reduz o seguro por não estocar combustível inflamável; diminui os custos de operação e manutenção; retarda os investimentos em troca de equipamentos; leva a uma fatura pós consumo; evita impurezas e depósito de compostos contaminantes; não altera a coloração do produto; alcança curvas de temperatura ideais; garante elevados padrões de qualidade, proporcionando competitividade nos mercados mais nobres e como se não bastasse, também reduz significativamente as restrições dos órgãos ambientais e contribui para a melhoria da qualidade do ar (comparativamente com os outros gases).
Eu acho muito bem que certas empresas tentem alterar os níveis de percentagem da queima deste gás, de forma a dar o exemplo àquelas mais "materialistas"- como é o caso da Chevron, uma estação pertolífera em Luanda que passou a cada dia queimar menos 60 milhões de m3 deste gás.
Talvez a única maneira da economia do nosso mundo sair do buraco onde se encontra, é se o homem apanhar um grande choque e abrir os olhos de uma vez por todas, porque senão continuar-se-à a afundar cada vez mais...
Mas como este irá ser o último comentário que farei no nosso excelente blog de Química, tenho de deixar um voto de esperança para Portugal e para o Mundo - acredito que um dia, quando algo GRANDE e importante acontecer, a vida humana seguirá o caminho mais correcto, enfrentando todos os obstáculos com responsabilidade e persistência, de forma a que todas as nações se entendam e sejam tolerantes umas para as outras, aí sim, haverá paz!